quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Viagem para a terra de dentro

A viagem!
Ansiava por ela.
Problema:
como dizer adeus?

Última manhã com os seus.
Foi.
Não disse nada.
Despedir-se doeria mais.
Ficassem com Deus.

Andou, andou...
Andou muito sem rumo.
Caminhos desconhecidos,
veredas místicas,
paisagens agradáveis.
Belezas invadiram seus olhos,
sua alma.

Sucederam-se casos e ocasos;
um, porém, especial:
folhas da árvore-pousada,
relva-colchão,
regato cantando,
águas avermelhadas,
douradas de poente.
Nostalgia no ar,
pedra-travesseiro,
cabeça a fiar o novelo do destino.
Coração queria mudar tudo.
Teve medo
de ter medo.

Com a noite, tristeza,
saudade dos que ficaram...

Imerso nas sombras,
na melancolia,
vigiava o nada.

Solidão,
vazio.

Emergiu para namorar a Lua.
Estrelas enciumadas rutilavam quietas.

Adormeceu.

Aurora.
Aves celebram
aromas florais.
Companheira, a brisa,
sugere, apela...
o amigo bom-senso decide:
Voltar!

Lição:
Sempre,
em qualquer canto,
viria a ser
quem sempre havia sido.

...e se a viagem solitária
- que ensinou-lhe a liberdade -
era fuga,
voltar era a satisfação
que nunca teria
se não houvesse
viajado.

Carlos Almeida

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