quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Arte viva

Quanto à arte indígena, que na maioria dos compêndios aparece como manifestação menor, como arte de “povos primitivos”, mereceria maior destaque pela sua riqueza, sua vitalidade, sua permanência.
As análises realizadas nessa área parecem-me um pouco deficientes, com registros pobres citando “vasos marajoaras” ou “arte plumária” e apenas com o olhar de estranhamento e admiração do homem branco como ao desembarcar das caravelas. A Arte indígena, especialmente por se manter viva e ter sua evolução própria, merece estudo particular, quem sabe com ponderações sobre ser a arte de um povo em sua própria terra recebendo influências exógenas, mas acima de tudo como Arte Maior e não apenas como capítulo introdutório de menor interesse.
Fica aqui, portanto, o desafio para as autoridades no assunto e o apelo para que voltemos os nossos olhares a essas manifestações como se olhássemos para um espelho da alma da pintura no Brasil.


Carlos Almeida

Primeiras pinceladas

A História da Pintura no Brasil costuma ser introduzida com a Arte rupestre e a Arte indígena [sobre esta última dedicarei maior espaço na próxima postagem]. Para uma análise mais consistente da Arte rupestre (pré-histórica) é necessário um mergulho na ciência arqueológica, especialmente para buscar a distinção entre manifestações que poderiam ser consideradas “arte pura” e o que esteve ligado a outras manifestações (magia, uma forma de escrita incipiente ou mesmo artesanato).


Isso ainda é muito discutido na própria Arqueologia e entre historiadores da Arte brasileira. Entendo que como qualquer manifestação pictórica, em si, deve ser considerada como manifestação artística, podemos, sim, ver nessa arte remota um elemento germinal. Entretanto o estudo delas, de maneira mais aprofundada, com análises e descrições mereceria um expediente interdisciplinar para promover sua real importância: História (incluindo Arqueologia, Paleontologia), Geografia, Geologia, Artes Plásticas e Antropologia.


[continua...]
Carlos Almeida

Proposta



Busco nesta postagem e em algumas seguintes, baseado em coleta de material já existente, mas com análise própria, discorrer sobre manifestações da Arte, com recorte e foco para o Brasil. Uso a “picada já aberta” por estudiosos e acadêmicos para desbravar, na imensa produção cultural brasileira, o que traduz o belo com técnica e emoção. Muitas vezes a Pintura esteve ligada ao poder e mesmo a seu serviço.
Em texto sobre a “Democratização da Cultura”, Daniele Canedo (da UFBA) fala da importância da participação popular quando o assunto é “encarar a cultura e o povo como pólos distintos e afastados”:


“As decisões sobre as políticas culturais são centralizadas nos governos e instituições, constituindo uma esfera pública estatal. A cultura é definida pela burocracia das secretarias de cultura, sem passar pelo crivo do público a que se destina. Levando em consideração apenas os ‘templos culturais’ (FARIA, 2003,p. 37), como teatros e galerias, como os lugares mais importantes para a realização da cultura, os defensores dessa política esquecem as ruas, as casas, as escolas e os espaços informais de sociabilidade.” [grifo nosso]

Tenho convicção que a arte pictórica brasileira, tão pouco conhecida ou valorizada por muitos, se acessível, poderia mudar o sentimento pelo ‘patrimônio simbólico’, que deve ser comum a todos, inspirando novas perspectivas e, talvez, mudanças no pensar e agir coletivos.
[continua...] 
Carlos Almeida
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